AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN E OS NOVE MISTÉRIOS ESPIRITUAIS
Por Corinne Heline
http://www.fraternidaderosacruz.org/misterios.espirituais.pdf
FRATERNIDADE ROSACRUZ MAX HEINDEL
A Fraternidade Rosacruz Max Heindel não é uma seita ou organização religiosa, mas sim uma grande Escola de Pensamento. Sua principal finalidade é divulgar a admirável filosofia dos Rosacruzes, transmitida ao mundo por Max Heindel, mensageiro dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz.
domingo, 13 de maio de 2012
quarta-feira, 11 de abril de 2012
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline E P Í L O G O AS NOVE SINFONIAS E OS NOVE MISTÉRIOS
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline
E P Í
L O G O
AS NOVE
SINFONIAS E OS
NOVE MISTÉRIOS
Ao olhar a música instrumental pura, notamos que na sinfonia de Beethoven
reina a maior desordem e, contudo, debaixo de tudo, está a mais absoluta ordem,
a mais violenta luta que imediatamente se torna a mais doce concórdia. É “rerum
concordia discors”, um verdadeiro e completo retrato da natureza essencial do
mundo que se movimenta em complexidade, sem melodia e em inúmeras formas, e
suporta a si mesma pela constante destruição. Ao mesmo tempo, todas as emoções
e paixões falam a partir desta sinfonia, amor e ódio, medo e esperança, tudo
somente no abstrato e sem nenhuma particularidade; é realmente a forma de
emoção, um mundo espiritual sem matéria. É verdade, no entanto, que nós estamos
inclinados a compreendê-la enquanto a ouvimos, vesti-la em nossa imaginação com
carne e sangue, e contemplá-la nas várias cenas da vida e da natureza. - Arthur
Schopenhauer
Os Nove Mistérios que são descritos neste livro
são observados em certas épocas especiais. Estas Observâncias têm lugar nos
Templos de Mistérios das Grandes Fraternidades que estão localizadas na esfera
etérea.
O Primeiro Mistério acontece à meia-noite de
sábado. Uma parte deste sublime trabalho é uma recapitulação daquele tempo na
história da Terra, conhecida pelos ocultistas como Período de Saturno, e é
biblicamente descrita como o Primeiro Dia da Criação.
O Segundo Mistério é observado no domingo à
meia-noite. Este, além do trabalho que foi anteriormente mencionado, recapitula
o Período Solar da evolução da Terra que é biblicamente o Segundo Grande Dia da
Criação
O Terceiro Mistério é observado à meia-noite da
segunda-feira e recapitula o trabalho do Período Lunar ou o Terceiro Grande Dia
da Criação.
O Quarto Mistério é observado não só em um dia,
mas em dois. O primeiro à meia-noite de terça-feira e o segundo à meia-noite de
quarta-feira. Esta observância dupla é porque o presente Período Terrestre é
dividido em duas metades distintas. A primeira metade vem sob a direção de
Marte, sob cuja natureza marciana os céus do planeta têm escurecido com guerras
e rumores de guerra. A segunda observância à meia-noite de quarta-feira revela
algo das maravilhas da segunda ou metade mercurial do Período Terrestre. A
humanidade terá então que alcançar ardentemente o seu sonho de um mundo de paz
e de unidade.
O Quinto Mistério é observado à meia-noite de
quinta-feira quando as glórias do próximo Período da evolução da Terra, o
Período de Júpiter, será realidade.
O Sexto Mistério é observado à meia-noite de
sexta-feira e contém as revelações gloriosas que pertencem a um estágio ainda
mais alto do desenvolvimento deste planeta que leva a designação de Período de
Vênus.
O Sétimo Mistério é observado em datas
específicas fixadas em cada noite da semana e se relaciona com o trabalho do
último Dia Evolutivo deste planeta, que é conhecido como Período de Vulcano.
O sublime Oitavo Mistério é observado cada mês
nas noites de Lua Nova e de Lua Cheia.
A glória do Nono Mistério é consumada nos dois
pontos espirituais mais altos do ano, a saber, a meia-noite dos Solstícios de
Inverno e de Verão.
Beethoven falou de uma décima sinfonia que era,
sem dúvida, para descrever musicalmente este trabalho mais elevado. Embora ele
tenha deixado uma quantidade de notas para esta composição, ela nunca foi
completada. Isto, evidentemente, não estava no escopo de seu trabalho divino
específico. Quando a humanidade for capaz de alcançar algo de seu glorioso
destino, como o relacionado ao primeiro dos Grandes Mistérios Crísticos, e
somente então, um intérprete musical ainda mais elevado será enviado pela
Hierarquia para transmitir musicalmente algo de poder transcendente pertencente
aos Grandes Mistérios Crísticos.
Quando o aspirante passa através do quarto dos
nove Mistérios Menores, ele é saudado com grande regozijo por seus irmãos
Iniciados e é conhecido como “o recém nascido”.
O trabalho do quinto dos Mistérios Menores tem
relação com a amalgamação das essências do Fogo, Ar, Água e Terra. Este
trabalho está relacionado não só com a operação destes elementos por toda a
natureza, mas também com o homem em si. O Fogo relaciona-se com a natureza de
desejo do homem, o Ar, com a mente, a Água, com a natureza emocional e a Terra,
com o corpo físico. Quando o aspirante aprende a controlar estas forças dentro
dele, também ganha controle de sua
operação através da natureza. Isto dá a ele a habilidade de andar sobre a água,
passar sem dano através do fogo, viajar à vontade pelo ar e passar à vontade
sem obstrução pelos planos internos da Terra. Estas coisas são conhecidas como
os milagres do Iniciado.
Como muito poucos no presente possuem a
habilidade de realizar estes assim chamados milagres, eles são geralmente
considerados superstição e fantasia e são associados só com os nomes do Conde
de St. Germain e Christian Rosenkreuz, o ilustre fundador da Escola de
Mistérios da Ordem Rosacruz. No entanto, estas coisas são perfeitamente
possíveis de serem alcançadas por todos aqueles que têm vontade de pagar o
preço que este desenvolvimento acarreta. Significa a renúncia de “coisas” e
completa dedicação ao espírito. Cristo nos transmitiu esta verdade quando disse
“Meu reino não é deste mundo” e “Minhas
ovelhas conhecem minha voz e me seguem”.
Do amálgama dos quatro Elementos, um novo e
quinto elemento é formado. Ao entrarmos cada vez mais em harmonia com a
vindoura Era de Aquário, os viajantes do espaço do futuro serão capazes de
contatar este novo Elemento e muitas das gloriosas maravilhas que ele revelará.
Talvez a melhor descrição disto seja dada por São João em sua Revelação a qual
ele descreve como um “mar de vidro”. Sobre este mar de vidro, ele afirma, serão
reunidos os redimidos e regenerados de toda a humanidade.
Antigos Mestres da Sabedoria previram a
descoberta deste novo Elemento. Alguns o chamaram de Azoto, outros de Rebis.
Ambas as palavras têm cinco letras, ou mantras de poder, e ambas significam a
consumação de todas as coisas. Daí notar-se que este novo Elemento tipifica o
Espírito da Unidade. Antes que o homem seja capaz de explorar suas maravilhas,
o mundo tem que alcançar a realização da Paternidade de Deus e da Fraternidade
dos Homens.
O Sexto, o Sétimo, o Oitavo e o Nono dos
Mistérios Menores lidam com um alcance espiritual ainda mais alto e mais elevado.
No Nono Mistério, o participante passa dentro do Coração da Terra e lá se
encontra na presença do Senhor Cristo, para ser preparado por Ele para um
trabalho ainda maior mo primeiro dos Grandes Mistérios.
A mais valiosa de todas as dádivas de Cristo a
esta Terra foram os Quatro Mistérios Maiores ou os Mistérios de Cristo,
completando assim treze ao todo, delineando o Caminho da completa emancipação
sob o regime de Cristo.
O Primeiro dos Grandes Mistérios de Cristo
levará o homem ao fim deste Dia de Manifestação na Terra. É aqui que o Iniciado
muda seu Corpo de Iniciado em Corpo de Adepto. Ele agora descobre o poder da
Palavra Perdida e adquire a Palavra Criadora. Cada pensamento pode ser agora
revestido em forma pela vontade. Tal pessoa iluminada se libertou do ciclo de
vida e morte. Este foi o sublime alcance do amado São João, o mais avançado
entre todos os discípulos e o único que não passou através do interlúdio
chamado morte.
Os poderes desenvolvidos no primeiro dos
Grandes Mistérios foram demonstrados pelos discípulos no dia de Pentecostes.
Foi quando eles experimentaram sua primeira comunhão interna com o elevado Ser
conhecido como Espírito Santo. Pela força espiritual agora despertada dentro
deles, manifestaram muitos dos mesmos poderes que Cristo exerceu durante Seu
ministério na Terra. Estes são só alguns dos extraordinários poderes que
esperam o homem quando ele se tornar capaz de entrar no primeiro dos Grandes
Mistérios de Cristo.
A Primeira Sinfonia e o Primeiro Mistério estão
sob a direção da Hierarquia de Peixes, os Mestres Adeptos ou a humanidade
aperfeiçoada.
A Segunda Sinfonia e o Segundo Mistério estão
sob a jurisdição da Hierarquia de Aquário, os Anjos.
A Terceira Sinfonia e o Terceiro Mistério estão
sob a direção da Hierarquia de Capricórnio, os Arcanjos.
A Quarta Sinfonia e o Quarto Mistério estão sob
a direção da Hierarquia de Sagitário, os Senhores da Mente.
A Quinta Sinfonia e o Quinto Mistério estão sob
a supervisão de Escorpião, os Senhores
da Forma.
A Sexta Sinfonia e o Sexto Mistério estão sob a
jurisdição de Libra, os Senhores da Individualidade.
A Sétima Sinfonia e o Sétimo Mistério estão sob
a influência da Hierarquia de Virgo, os Filhos da Sabedoria.
A Oitava Sinfonia e o Oitavo Mistério estão sob
a direção da Hierarquia de Leo, os Senhores do Amor e da Luz.
A Nona Sinfonia e o Nono Mistério estão sob a
supervisão da Hierarquia de Câncer, os Querubins.
Há uma íntima relação entre o Nono dos
Mistérios Menores e o Primeiro das Grandes Iniciações de Cristo. O coro
triunfante dos Querubins forma uma ponte musical entre os dois. É aqui que o
ser se defronta com o sagrado segredo da Vida.
A Primeira das Grandes Iniciações de Cristo
está sob a direção da Hierarquia de Gêmeos, os Serafins. A nota-chave de Gêmeos
é Polaridade e a nota-chave da Primeira Grande Iniciação é também Polaridade. É
aqui que o corpo do Iniciado é trocado pelo corpo do Adepto, o que significa
corpo perfeitamente polarizado ou andrógeno.
A Segunda das Grandes Iniciações está sob a
guia e direção da Hierarquia de Touro, os Terafins.
A Terceira das Grandes Iniciações está sob a
direção de Áries, os Xeofins.
É na Quarta e última das Grandes Iniciações que
todas as doze Hierarquias do Zodíaco derramam sua magia e seu poder. É aqui que
o grande coro celestial soa num poderoso hino de glória. Este coro triunfante
nem ouvido humano pode ouvir, nem é possível para a linguagem humana tentar
descrever sua sublimidade. Podemos só dizer que, neste longínquo tempo, o
Senhor Cristo é o perfeito modelo da raça aperfeiçoada que virá a este elevado
lugar de experiência, pois o homem então terá se tornado cristianizado e o
sonho de São Paulo realizado quando ele disse: “Deixe o Cristo formar-se em
ti”. Isto marcará o término da Dispensação de Cristo sobre a Terra e Ele
retornará ao Reino do Pai. Então, uma humanidade perfeita estará pronta para
uma lição ainda mais espiritual que será a Religião do Pai.
A Parte I deste volume - “Música
- Seu Poder e Magia” - lida
com a música em relação à evolução humana. Ela tenta relatar como, pelo poder e
a magia da mais elevada das artes, o homem tornou-se homem. Num futuro
distante, por meio deste mesmo poder e magia musicais, o homem se tornará mais
do que homem; ele se tornará um homem-deus.
A alta nota-chave espiritual que está ressoando
através de toda a criação, que Beethoven fez articular em suas incomparáveis
criações é “ Para frente e para cima para sempre ”.
* * * * * * *
Í N D
I C E
Beethoven o Homem
Prólogo
Capítulo I - Primeira Sinfonia em Dó Maior – Opus 21
Primeiro Mistério
Capítulo II - Segunda Sinfonia em Ré Maior – Opus 36
Segundo Mistério
Capítulo III - Terceira Sinfonia em Mi Bemol Maior (Heroica) – Opus 55
Terceiro Mistério
Capítulo IV - Quarta Sinfonia em Si Bemol Maior – Opus 60
Quarto Mistério
Capítulo V - Quinta Sinfonia em Dó Menor – Opus 67
Quinto Mistério
Capítulo VI - Sexta Sinfonia em Fá Maior (Pastoral) – Opus 68
Sexto
Mistério
Capítulo VII - Sétima Sinfonia em Lá Maior – Opus 92
Sétimo Mistério
Capítulo VIII - Oitava Sinfonia em Fá Maior – Opus 93
Oitavo Mistério
Capítulo IX - Nona Sinfonia em Ré Menor – Opus 125
Coro “Ode à Alegria” de
Schiller
Nono
Mistério
Epílogo
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO IX NONA SINFONIA - RÉ MENOR - OPUS 125 (Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO IX
NONA
SINFONIA - RÉ MENOR
- OPUS 125
(Com
Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)
A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que
abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua
transparente beleza de idéia, há pouco no mundo da música que possa se
aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas idéias são tão ricas em
variedade, tão delicadas em orquestração e também tão profundamente simpáticas,
que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem
alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo
além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime ... Ninguém pode
negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua
concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente
espalhadas. - Autor
desconhecido
Mais de dez anos se passaram depois da
performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua
sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante este intervalo, houve
evidentemente uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.
Quando os Senhores do Destino procuram um
mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e elevará a humanidade, muito tempo e cuidado
são dedicados à sua escolha. Precauções
especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das
seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu
na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua
vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo
exterior.
Um mensageiro assim escolhido para uma grande
missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é
privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida
mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa
alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a tornar-se um canal claro
e livre para seu objetivo.
No funeral de Beethoven foi dito: “ele não
tinha esposa para chorar por ele, filho, filha
- mas o mundo todo lamenta junto
ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em
muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de
acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um
músico -
a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, isto foi
talvez sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das
Hierarquias Criadoras. Esta música é tão sublime e etérea que os sons
dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza
e beleza. E assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou
cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um
transmissor mais perfeito para esta música celeste. Muito embora o espírito
possa estar ciente de seu alto destino, enquanto ele está confinado dentro do
corpo humano, terá que lutar com as
limitações de seu instrumento mortal. E assim, havia momentos em que Beethoven
dava espaço à melancolia e desespero, às vezes voltando-se contra o Destino.
O verdadeiro propósito do sofrimento é servir
de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” que é um dos
manuais mais iluminados e espirituais já escritos, lê-se que “antes que os
olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade e que,
antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade e,
antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados
no sangue do coração”.
Como Edward Carpenter escreve sobre Beethoven em seu livro
Angel´s Wings, “Embora sua vida
exterior, pela surdez, doença, preocupações financeiras e pobreza, fosse
despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou
toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir
a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos
humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades
ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da
sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de homem. O que esta
luta deve ter sido entre suas condições internas e externas - de
seu eu real com os solitários e pobres arredores nos quais estava
encarnado - nós só sabemos através de sua música. Quando
nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma
criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isto
possa abraçar e redimir a humanidade”.
A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é
Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio
de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É também o número da
Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o homem retorna à união com
Deus.
Notou-se previamente que as sinfonias de
Beethoven retratam uma variedade de experiências. Estas experiências são
recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da
realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de
desdobramento de alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão
magnificamente interpretada pela Nona.
Como foi dito anteriormente, as sinfonias
ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto
que a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio,
um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio
Místico. Esta união marca o supremo alcance do homem sobre as coisas terrenas. Beethoven captou o lindo coro do Querubim na
glória da Nona para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de
seu poder espiritual.
O
escritor John Maglee Burk, em seu livro “Life and Works of Beethoven”,
se refere a estes ecos celestiais como
“murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo
celestial que Beethoven interiormente percebia tornaram-se cada vez mais claros
e mais fortes enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de
suspense até que o tema em si é revelado... e proclamado fortíssimo pela
orquestra toda em uníssono. Ninguém ”, ele
acrescenta, “igualou este poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por esta
página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida, lembrou-a quando descreveu a serenidade
elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.
“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill em seu
trabalho intitulado The Symphony, é
comparável aos vigorosos trabalhos como a Heroica e a Quinta sinfonia, num
plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que
nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos
é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas idéias
musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo
parece nebuloso e mal definido.. .emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema
que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Esta
abertura portentosa é em seguida reformulada... e o tema todo é transferido,
ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação deste
tema gigante que temos e este, em sequências que se elevam, marcha para frente
sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe
conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale.
“É difícil se encontrar algo mais requintado em
toda a música”, escreve E. Markham Lee no livro “The Story of the Symphony” do
que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão
majestoso em suas idéias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é
maravilhosa e suas qualidades expressivas... são excelentes.”
O segundo movimento, um Scherzo, embora
realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como
uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu
“ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco
como uma dança ”. Berlioz comparou-o ao ar puro e claro que acompanha o nascer
do Sol numa manhã brilhante de maio.
“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee,
“para comentar adequadamente o Adagio ( terceiro movimento), uma das mais
perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard
Shore, falando deste terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”,
afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável
Toscanini ao apresentar esta parte “fez todo o esforço para transferir o toque
de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. “ No
Paraíso! ”, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e
nunca foi permitido que se tornssem apaixonadas
- só etéreas.
Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia
estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro
movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o
melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza -
perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de
misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final.”
UM
ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA
Beethoven experimentou uma grande liberdade
interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele
foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que este
mundo já conheceu. Sigmund Spaeth em seu livro
“A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A sinfonia
alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele,
grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que
contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda
a música daí por diante é música numa longa tarde.
Ludwig Von Beethoven foi um dos mais
importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas
as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipaçãp, da igualdade
e a eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.
Beethoven também mostrou sua completa harmonia
com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito
e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como
Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e
frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio, o fiel. Em sua heroína,
Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três
aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva
da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade
antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam tornar-se
realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando
o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornará universal por todo
o mundo. São estas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que
são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a
Nona Sinfonia.
CORAL
DA NONA SINFONIA
O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o
ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a
comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa.
A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em
si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a
alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito e voltamos para o infinito. -
Rabindranath Tagore
Como foi mencionado anteriormente, Beethoven
foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição
humana. Esta “pressão interna levou-o a escolher uma vida de auto abnegação e
retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações do mundo numa época, e entre pessoas
amplamente entregues à busca do prazer”.
Por música cósmica, queremos dizer música das
Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na
celebração dos Ritos do Matrimônio Místico do Nono Mistério que Beethoven
gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.
A humanidade não poderá vivenciar a alta
exaltação espiritual deste Rito até que tenha aprendido a construir e a viver
em um Mundo Unificado - um mundo em que a Paternidade de Deus e a
Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade
universal foi seu supremo objetivo; para este fim, seu grande gênio estava
completamente dedicado.
Para o Coral, Beethoven usou o poema de
Schiller, Ode à Alegria. Este poema,
que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a
Fraternidade Universal.
Louve a alegria, a descendente de Deus
Filha do Elysium !
Raio de alegria e matizada de êxtase
Deusa, ao teu santuário viemos !
Por tua magia
está unido
O que o rígido costume separou.
Toda a humanidade é formada de irmãos
angustiados
Onde tuas asas gentis são fiéis.
Ó, milhões de vós, eu os abraço
Com um beijo para todo o mundo !
Irmãos, sobre a longínqua esfera estrelada,
Certamente habita um Pai amoroso.
Ó milhões de vós, ajoelhem-se diante d´Ele.
Mundo, não sentes teu Criador mais perto?
Procure-O sobre a longínqua esfera estrelada,
Sobre as estrelas entronizadas, adore-O !
Alegria, ó filha do Elysium,
Por tua magia está unido
O que o rígido costume separou.
Toda a humanidade é formada de irmãos
angustiados
Onde tuas asas gentis são fiéis.
Por razões políticas, Schiller não usa a
palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua
expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a
liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava
liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores,
para contatar seres celestes que habitam
aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.
No primeiro movimento, os céus emitem poderosos
sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado
pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra
toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as
proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.
O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a
sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os
primeiros raios do sol nascente de maio”.
O Adagio se expressa em variações de crescente
complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que
caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas sinfonias é uma
divina aventura em espírito. O espírito, quando despertado (iluminado), não
pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico
tem para oferecer.
O Finale nos fala sobre isto. Ele questiona e
procura avidamente por mais luz. Uma sugestão desta alta realização cantada
pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então
gradualmente desdobrado em Ré Maior ( ainda uma experiência no plano terrestre).
No quarto movimento, Beethoven, pela primeira
vez, introduz palavras numa sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do
Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou esta Ode para
expressar solidariedade humana. Este coro sublime eleva a Terra para perto do
Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela
soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.
NONO MISTÉRIO
O Nono Mistério conduz ao coração da Terra. Neste
centro, está refletido o plano espiritual mais alto, o Mundo de Deus. Este é um
plano onde reside o Absoluto . Aqui, o espírito se une com a matéria, o finito
funde-se com o Infinito e Deus e o homem se encontram face a face.
É aqui que os Deuses de outros sistemas
planetários comungam com o Deus deste sistema. É aqui que os sagrados Mistérios
da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este planeta
pode traduzir a maravilha e a glória desta sublime experiência, excetuando o
magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.
O diagrama 18 do “Conceito Rosacruz do Cosmos”
mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham
alcançado seus mais altos degraus. Somente
aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste,
o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos
Cristianizados alcançando as mais altas esferas da consciência. Porém, este é o
alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se
faça merecedora da ascensão divina.
Na Noite Santa, quando o Nono Mistério é
celebrado, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase.
Os ecos desta gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao
mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.
No coração da Terra, há três centros de poder
que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que
são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores
há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras,
há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de
lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias
criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.
A participação no Nono Mistério é possível
somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de
perfeito equilíbrio, com a mente espiritualmente iluminada, o coração um
transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da
força vital regenerada. Esta realização alcança o clímax encontrando-se face a
face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É esta a gloriosa
experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, o
Nono Mistério.
A única música que pode adequadamente descrever
o êxtase da alma desta experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de
tecer na Nona Sinfonia. É só por meio desta música celestial que sua importância espiritual pode ser entoada. É
música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o
homem é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal
dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente
e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.
Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho
de Beethoven estava completo, seu destino se cumpriu. Este é o seu canto do
cisne, sua mais magnífica realização. Esta composição incomparável, como foi
dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827,
ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz
de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado
através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu
Senhor!”.
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO VIII OITAVA SINFONIA - FÁ MAIOR - OPUS 93
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO
VIII
OITAVA
SINFONIA - FÁ MAIOR
- OPUS 93
Nunca a arte ofereceu ao mundo algo tão sereno como as Sinfonias em Lá e
em Fá Maior e todos aqueles trabalhos tão intimamente relacionados a elas que o
mestre produziu durante o período divino de sua surdez. O seu primeiro efeito sobre um
ouvinte é colocá-lo livre de um sentimento de culpa, enquanto dá nascimento a
um sentimento de paraíso perdido ao retornar ao mundo dos fenômenos. Deste
modo, estes maravilhosos trabalhos preconizam arrependimento e reparação no
sentido da divina revelação.
Nesta sinfonia, há pensamentos
musicais intensos, há passagens que, por um momento, soam as profundezas e
alcançam as alturas... Sem a grandiosidade da Quinta Sinfonia ou o romance da
Sétima, ela contém um final perfeito e um rico estoque de bom humor. -
Romaine Rolland
A Oitava Sinfonia teve sua primeira
apresentação em Viena, em 20 de abril de 1813. Sua nota-chave espiritual é Harmonia.
Os antigos declararam que o número oito contém
a marca da divindade e isto é o que a Oitava Sinfonia representa. Berlioz
declara que o modelo desta sinfonia foi formulado no céu e caiu dentro do
cérebro do compositor. Um crítico de arte, escrevendo sobre esta sinfonia, diz
que ela é um brinquedo divino na região do pensamento tonal. Mais adiante, ele
diz que a Sétima é uma arte épica ao máximo, então a Oitava Sinfonia é arte
lírica em sua plenitude. A Oitava tem sido chamada de “um épico de humor”. Suas
quatro divisões são permeadas com um sopro de alegria e transbordam em
excêntrico humor. Um leve e caprichoso espírito de felicidade se difunde
completamente. É deliciosa em sua totalidade. Dizem que Beethoven olhava-a com
ternura e se referia a ela como sua “pequenina”. Talvez fosse por causa de seu
espírito despreocupado e também porque é a menor das nove.
As duas primeiras partes estão cheias de
alegria e suas harmonias extasiantes continuam a tecer e a entretecer através
de toda a terceira parte. Ao invés do usual Scherzo, este terceiro movimento é
um lindo e majestoso minueto. Embora delicadamente caprichoso, ele, ao mesmo
tempo, toca uma nota mais grave. Foi comparado por alguns escritores a uma
exultante risada. E é verdade. Ele soa uma gargalhada triunfante de uma alma
emancipada que encontrou sua própria herança divina de imortalidade consciente
e a divina bem-aventurança da liberdade cósmica. Como Pitts Sanborn diz “não é
o riso de regozijo infantil ou de
frivolidade desesperante e imprudente”. Pelo contrário, é o “ vasto e
interminável riso de que Shelley fala em
Prometheus Unbound. É o riso de um
homem que amou e sofreu e, escalando as alturas, alcançou o cume. Só uma ou
outra nota de rebeldia se intromete
momentaneamente; e, às vezes, em repouso lírico... uma intimidação da Divindade
mais do que o ouvido descobre”.
O Finale sobe a alturas ilimitadas em ritmo e
fantasia. Irregularidades repentinas e ritmos interrompidos servem para criar
uma atmosfera de mistificação deliberada. É fantasia altamente carregada
designada para levar o ouvinte além dos estreitos confins da mente concreta.
A Oitava Sinfonia é, no entanto, uma outra composição que o grande gênio
criativo de Beethoven deu ao homem para ajudá-lo em seus objetivos espirituais,
que era seu verdadeiro destino perseguir e cumprir.
Erwin Grove, em seu trabalho “Beethoven´s Nine
Immortals” descreve o poder de Beethoven de abstrair-se do mundo externo e
viver num mundo de sonho dele próprio. Seu ideal, como o de todos os grandes
heróis, teve pouco interesse no mundo e nas poucas pessoas em volta dele. Ele
foi um pico de uma montanha solitária e elevada que olhava para os vales. Seus
olhos testemunhavam um solitário homem espiritualmente faminto. Seu idealismo
sobrepassava seu julgamento. Era difícil para ele aceitar coisas realmente
diferentes das que ele idealizava. Nos seus últimos anos ele mergulhou em
profunda ternura e doce melancolia, resultando no que ele denominou sua
“tendência feminina”.
Beethoven foi um instrumento usado pelo
Espírito da Música para se realizar mais do que um homem que meramente compôs
música. Em sua música, sempre criando novos mundos, seu grande gênio foi
mostrado em seus movimentos rápidos, pois eles refletem os ritmos das órbitas
celestes que se movem com mais velocidade que a luz.
Gustav Nottebohn, em seus Sketches of Eroica, observa que Beethoven alcançou um tipo de
melodia que alguns chamaram de absoluta e,
compondo seus últimos trabalhos, ele ficava verdadeiramente “possuído”. Sua
Mente Superior assumiu a direção. Então, não trabalhou do pormenor para o todo,
mas começou do todo para o pormenor. Sob
um estado subconsciente, uma composição era como um todo antes que ele
começasse a pensar nos detalhes. Um poeta expressou esta mesma verdade nas
palavras: “Você não teria me procurado a menos que já tivesse me encontrado”.
Referimo-nos repetidamente às Nove Sinfonias
como música cósmica. Quando Beethoven as escreveu, elas eram obviamente para
demonstrar musicalmente as verdades fundamentais da Polaridade. As sinfonias
ímpares possuem a grandiosidade, a rapidez, a ousadia, a coragem, a inovação e
todas as qualidades masculinas dominantes. As de números pares são doces,
ternas, dóceis, calmas, características do feminino.
A Quinta em Dó Menor teria seguido a Terceira,
ou a Heróica. Beethoven colocou em prática esboços como elas originalmente chegaram
a ele, de acordo com seus biógrafos. Algo em sua natureza antecipou isto até
que a mais gentil sinfonia em Si Maior, a Quarta, inseriu-se num modelo divino
que a colocou imediatamente depois da poderosa Terceira. Então, seguindo a
Épica Quinta, segue-se a Sexta ou Sinfonia Pastoral como um companheiro
contemplativo.
Outra vez, após um espaço de quatro anos,
Beethoven produziu outro par de afinidades complementares: a Sétima, de força
masculina, e a Oitava, de atributos femininos, as duas produzidas em 1862 em
sequência.
Finalmente, quase dez anos mais tarde, apareceu
a magnífica mistura de opostos, que tinham se alternado nas precedentes oito
sinfonias e culminou na grandiosidade da
Nona.
OITAVO
MISTÉRIO
O Oitavo Mistério está relacionado com a oitava
camada da Terra conhecida como Estrato Atômico. O poder deste Mistério é tal
que um objeto situado nesta camada, quando usado como um núcleo, pode ser
multiplicado à vontade. Era o poder deste oitavo mistério que o Senhor estava
demonstrando aos discípulos quando multiplicou os cinco pães e os dois peixes e
alimentou cinco mil - com doze cestas cheias de sobra.
Muito pode ser dito sobre este Mistério,
excetuando que o participante tem que ter conquistado domínio sobre si mesmo e
sobre o mundo material. Uma harmonia básica é um requisito para a entrada neste
elevado Rito. As essências da experiência adquiridas através dos mistérios que
precederam são aqui transformadas em poder anímico de tal força que uma tão
esperada harmonia se torna a nota-chave da vida. O ser nunca mais explodirá
numa experiência emocional, nem será indevidamente sacudido por eventos
dolorosos ou agradáveis. Ele achou agora para sempre aquela profunda e intensa
calma e paz à qual São Paulo se referiu quando disse que de fato nenhuma das
coisas do mundo exterior o comoviam.
A esfera celestial chamada no ocultismo de
Mundo dos Espíritos Virginais está refletida na oitava camada da Terra. É neste
nível de vida que Deus diferencia dentro d´Ele as entidades que constituem uma
onda de vida evolutiva. É deste plano que estes seres divinos em embrião entram
em sua jornada evolutiva eterna através do tempo, espaço e matéria. Neste
estágio, os Espíritos Virginais possuem só consciência divina. O fim a ser atingido
através de sua involução dentro da matéria é a auto-consciência, quando o
processo evolutivo o leva de volta à consciência Divina.
No Oitavo Mistério, o Iniciado é levado para
muito além do mundo humano. As palavras são inadequadas para descreverem as
maravilhas e as glórias daquele mundo espiritual no qual ele é permitido
entrar. A sublime música da Oitava Sinfonia transcreve algumas das maravilhas
daquele mundo.
Toda alma iluminada canta sua própria canção de
realização. Esta canção é às vezes uma expressão de aspiração, busca, agonia,
desilusão e mesmo de completa escuridão. Então, como a agonia continua,
segue-se uma nova, fresca e sempre profunda dedicação, que culmina
eventualmente numa vitória de completa conquista de si próprio. Esta foi a
canção de alma que Moisés cantou na vitória do Mar Vermelho, uma vitória que se
referiu não tanto a uma ocorrência física, mas a uma transmutação perfeita em
seu interior. Outras canções de alma de tal alcance são o imortal Salmo de Davi
e a melhor de todas as canções de amor, o 13º capítulo da 1ª Epístola aos
Coríntios. Também a Canção do Cisne de Lohengrin naquele magnífico drama
musical que leva o seu nome.
É esta mesma Canção de Realização que é ouvida
na Oitava Sinfonia de Beethoven composta não em palavras, mas na linguagem
tonal trazida inspiradamente do mundo celeste do som. O Finale desta sinfonia
ressoa toda a profunda alegria do Ser Emancipado. É a Canção de Alma daquele
que aprendeu, por sua divindade inata, a
reivindicar sua herança que é a Liberdade Cósmica. Esta é a nota-chave do
Oitavo Mistério e o elevado tema musical da Oitava Sinfonia.
O elevado trabalho deste Oitavo Mistério está
exemplificado na música desta Sinfonia que é tão suave, linda e cheia de tal corrente de força que parece cantar a
habilidade de acalmar a violenta tempestade ou de remover montanhas de seus
lugares. A música da Oitava Sinfonia é a expressão do Feminino altamente aperfeiçoado,
aquele poder espiritual que o alquimista descreveu como o Feminino em
Exaltação.
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO VII SÉTIMA SINFONIA - LÁ MAIOR - OPUS 92
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO VII
SÉTIMA
SINFONIA - LÁ
MAIOR - OPUS 92
Beethoven compôs a Sétima das Nove Sinfonias em toda a exuberância de
sua maturidade criativa, e cada um dos seus quatro movimentos transbordam a
ardente essência de sua inspiração. O ouvinte é dominado pela abundância de sua
beleza. Nesta sinfonia, você sente o gênio de Beethoven como algo inesgotável,
glorificado em sua própria força titânica, como se fosse uma divindade
ignorando sua casta, orgulhoso de seu conhecimento de força invencível,
liberto, despreocupado, salvo quando o Allegretto admite uma divina melancolia.
– Pitts Sanborn
A primeira apresentação desta sinfonia foi em
Viena, em 8 de dezembro de 1813, fazendo assim um intervalo de cinco anos entre
a Sexta e a Sétima. Durante este período, Beethoven esteve aprofundando sua
consciência espiritual e captando uma
afinação mais próxima às forças da música celestial. O que ele produziu na
Sétima oferece ampla evidência da verdade que a avaliação do Sr. Sanborn fez
acima.
A nota-chave espiritual da Sétima Sinfonia é Exaltação. Sete marca a conclusão de um
ciclo em termos de duração de tempo. A trindade do espírito se eleva triunfante
sobre o quatro da matéria. O espiritual se torna agora primário e o material,
secundário. É este triunfo do Espírito que é o glorioso tema da Sétima. Tanto
Richard Wagner como Franz Liszt olharam a sinfonia como a “apoteose da dança”.
O mais profundo espírito da dança representa ritmicamente a ascensão no caminho
da Iniciação que termina em divina harmonia com a Eterna Luz. Do ponto de vista
da interpretação, a Sétima Sinfonia é verdadeiramente uma Apoteose da Dança.
Wagner identificou esta Sinfonia com a dança em
sua mais alta expressão como a realização do corpo em forma ideal. Ninguém
melhor que ele sabia que a dança teve sua origem nos movimentos das esferas
planetárias e que a missão de Beethoven era recapturar algo destas harmonias
estelares.
No primeiro movimento (Poco sostenuto, vivace),
acordes exultantes e dominantes repetem esta canção triunfante acompanhada do
inebriante ritmo do tema principal. Esta introdução desdobra os temas que se
seguem numa sucessão de escalas ascendentes que foram descritas como escadas
gigantes. Beethoven aqui está afinando os ouvidos humanos com os ritmos
planetários. Ele traz à Terra insinuações da música das esferas pelas quais os
sistemas solares são impelidos em seus movimentos? Assim, sua música se torna
uma escada que vai até as estrelas. Ele carrega o ouvinte para as grandes
alturas e profundezas, transcendendo a pequena e limitada esfera na qual o
homem mortal se move em seu estado sem inspiração.
No segundo movimento (Allegretto), um tom de
solenidade é introduzido. Ele passa de Lá Maior para Lá menor, já que é mais
fácil recapturar os ecos da música celestial em tons menores. É como se o
espírito estivesse estupefato na realização da responsabilidade que vem com tal
consecução. Este tom solene e misterioso persiste por todo o movimento. Foi
comparado a uma procissão através das catacumbas.
O terceiro movimento (Presto, presto meno
assai) toca uma nota ainda mais exultante do que a que foi ouvida no primeiro
movimento. Ritmos alegres e emocionantes são introduzidos pelas cordas com uma
resposta alegre dos instrumentos de sopro. Há arpejos dançantes e um espírito
de scherzo nele todo.
O Finale (Allegro com brio) é colossal e
magnífico. É como se o Céu e a Terra se juntassem num poderoso coro de
majestade e poder. É a voz do espírito extaticamente proclamando: “ Estou
livre, estou livre, para sempre e para toda a eternidade. Estou livre”.
Este espírito de exultante liberdade
naturalmente trouxe à expressão a companhia da arte da dança. Wagner, que
anteriormente se referiu à essa conexão, sentiu que não havia nada tão torpe e
surdo que pudesse resistir à fórmula mágica; os galhos, as latas e as xícaras,
o cego e o aleijado, etc., cairiam na dança.
A celebrada Isadora Duncan dançou todos os
movimentos desta Sinfonia, exceto o primeiro, no Metropolitan Opera House em Nova York em
1908, e o Ballet Russo de Monte Carlo também transcreveu o trabalho todo em
poesia do movimento. A coreografia que a sinfonia evoca tem um caráter mais etéreo
e espiritual do que físico; isto foi declarado por um comentarista que pensou
nela expressando uma dança cerimonial que deve ter sido realizada pelos
coribantes, os sacerdotes de Cibele em volta do berço do infante Zeus.
UMA VISÃO
DO CAMINHO
Um viajante se aproxima de uma enorme e elevada
montanha, cujo topo coberto de neve brilha à luz do Sol como uma coroa de
diamantes. A subida desta montanha é íngreme e perigosa, o caminho estreito e
escarpado. Frequentemente, o viajante perde seu passo e cai de bruços no chão,
mas sempre a silenciosa Voz interior firmemente o impele “Para frente e para
cima para sempre”. Às vezes ele toma o caminho errado e tem que retroceder pelo
longo e estreito caminho, mas sempre a Voz interior, gentil, mas insistente, é
ouvida dizendo: “Você nunca falhará enquanto persistir, pois a única falha está
em parar de tentar”. Outra vez, o caminho leva através de escuras e estreitas
fendas onde o Sol está longe da vista. É então que em sua visão mental ele pode
ver o pico coberto de neve acima. O topo está rodeado por grandes conjuntos de
rochas perpendiculares, escondendo toda a visão do caminho. Para concluir a
subida, o viajante tem que possuir muita coragem, persistência e uma vontade
que é dominada pelo espírito.
Finalmente, o topo é alcançado e oh! a
maravilhosa glória da vista! Lá em baixo, ao longe, estão as planícies e os vales rodeados por montes
humildemente entremeados por cintilantes riachos. Há também grandes cidades nas
quais a humanidade se ocupa com sua rotina diária, a maioria estando tão
ocupada e tão descuidada para levantar seus olhos e pegar a inspiração dos
lindos picos brancos lá em cima.
Quando o viajante eleva seus olhos, ele se
enche de espanto, pois o topo no qual ele está, o qual ele pensou estar tão
alto e ser o final, está diminuído por
montanhas mais altas cujos picos estão completamente longe da vista no imenso
azul. As palavras do poeta místico Kalil Gibran vêm à mente com um novo
significado: “Quando você chega ao topo da montanha, então é que você começará
a subir”.
É então que o viajante grita: “O que está além
dos majestosos picos cujas alturas se
perdem nos céus?” E a Voz, em alegre exaltação, responde: “Infinito”. “E o que
está além do Infinito?” Como uma bênção vinda de lugares distantes, em sons de
doçura sobrenatural, a Voz responde: “Um Infinito de Infinitos”.
Esta é a canção de alma da Sétima Sinfonia de
Beethoven, o espírito triunfante e exultante cantando “Sempre para frente e
para cima, pois o Caminho da Verdade não tem fim e a Busca é Eterna”.
SÉTIMO
MISTÉRIO
O Sétimo Mistério está conectado com o sétimo
estrato da Terra conhecido como Estrato Refletor. Este estrato está
correlacionado com o Mundo do Espírito Divino e está permeado com o poder
espiritual deste mundo celestial.
Fiel ao seu nome descritivo, o estrato refletor
na Terra reage exatamente à natureza dos pensamentos e desejos do homem que
podem ser construtivos ou destrutivos, pois, sob a lei kármica de causa e
efeito, tanto os homens como as nações colhem como semeiam. Assim age a Lei
Divina ao operar no Mundo do Espírito Divino que é a contraparte superior do
Estrato Refletor da Terra.
A história oculta registra a submersão do
Continente Atlante e a destruição de sua adiantada civilização devido à muito
difundida prática da magia negra. Nos tempos históricos, lemos sobre a queda da
Babilônia, uma das mais famosas e bonitas cidades da Terra, seus jardins
suspensos tendo sido classificados entre as Sete Maravilhas do Mundo. Em
Pompéia, os arqueologistas descobriram evidências do descuido moral e
depravação que existia entre os habitantes, que agiam através das forças
localizadas no Estrato Refletor da Terra, no desastre natural que enterrou a
cidade sob lava e cinzas. Também, na Bíblia, lemos a destruição de Sodoma e
Gomorra devido às maldades desenfreadas nestas cidades.
O homem é um ser sétuplo. O tríplice espírito
está conectado com o tríplice corpo pelo elo da mente. O propósito principal
das peregrinações dele na Terra é capacitar o tríplice espírito a trabalhar
sobre o tríplice corpo para refinar, sensibilizar e espiritualizar estes corpos
mais inferiores e transmutá-los em poderes anímicos.
Antes que esteja pronto para passar através do
portal que se dirige ao Sétimo Mistério, grande parte desse trabalho tem necessariamente
que estar realizado. Na sétima ou camada refletora da Terra estão guardados os
chamados sete grandes segredos da Natureza. Estes segredos estão conectados com
os quatro elementos - Fogo, Ar, Água e Terra. Neste grau,
aprendem-se os muitos e variados modos nos quais estes elementos são
transmutados com resultados que capacitam o controle das muitas Leis da
Natureza. O Sétimo Mistério é o Grau da Divina Sublimação. Quando se passa por
este Grau, o poder alcançado torna possível a jornada dentro dos lugares mais
profundos da Terra e nas alturas do espaço interplanetário.
O Iniciado do Sétimo Mistério é ensinado a
investigar e compreender mais profundamente algo dos quatro poderes conhecidos
como Fogo, Ar, Água e Terra. Estes poderes operam sob a direção dos altos seres
celestiais. Muito pouco pode ser dito abertamente com relação a este trabalho,
exceto que, sob o poder do Fogo e do Ar, novos e maiores segredos são
ensinados com relação à transmutação e,
sob o poder da Água e da Terra, são ensinados os mais profundos significados
relativos ao equilíbrio e à polaridade.
Nesta elevada esfera para onde o Iniciado é trazido
e colocado face a face com as verdades pertencentes ao Sétimo Mistério, ele se
torna um verdadeiro trabalhador milagroso. Ele aprende o que é passar sem se
molestar através do fogo e da água, a dominar a lei da gravidade e a trabalhar
em harmonia com a lei da levitação. Ele agora é um verdadeiro mago branco,
havendo aprendido a transformar os metais em ouro. Ele ganhou a liberdade da
limitação que este planeta impõe a ele. É algo deste maravilhoso Espírito de
Liberdade que é descrito na gloriosa e inesquecível música da Sétima Sinfonia.
Tal é a magia exercida pela música da Sétima
Sinfonia de Beethoven, que o comentarista Philip Hale fez a seguinte
observação: “Toda vez que a música é tocada, toda vez que ela entra na mente,
ela desperta novos pensamentos e cada um sonha seus próprios sonhos”.
Há tal poder místico impregnado nesta sinfonia
que ela tem a magia de despertar na alma de um aspirante a visão dos passos que
guiam progressivamente na escada ascendente da realização. Mais do que isso,
ela realmente irradia energias tonais que emprestam uma força para a alma no
caminho da Iniciação, para seguir os passos até que a busca seja finalmente
consumada nas glórias celestiais do Reino Celeste.
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