AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO VII
SÉTIMA
SINFONIA - LÁ
MAIOR - OPUS 92
Beethoven compôs a Sétima das Nove Sinfonias em toda a exuberância de
sua maturidade criativa, e cada um dos seus quatro movimentos transbordam a
ardente essência de sua inspiração. O ouvinte é dominado pela abundância de sua
beleza. Nesta sinfonia, você sente o gênio de Beethoven como algo inesgotável,
glorificado em sua própria força titânica, como se fosse uma divindade
ignorando sua casta, orgulhoso de seu conhecimento de força invencível,
liberto, despreocupado, salvo quando o Allegretto admite uma divina melancolia.
– Pitts Sanborn
A primeira apresentação desta sinfonia foi em
Viena, em 8 de dezembro de 1813, fazendo assim um intervalo de cinco anos entre
a Sexta e a Sétima. Durante este período, Beethoven esteve aprofundando sua
consciência espiritual e captando uma
afinação mais próxima às forças da música celestial. O que ele produziu na
Sétima oferece ampla evidência da verdade que a avaliação do Sr. Sanborn fez
acima.
A nota-chave espiritual da Sétima Sinfonia é Exaltação. Sete marca a conclusão de um
ciclo em termos de duração de tempo. A trindade do espírito se eleva triunfante
sobre o quatro da matéria. O espiritual se torna agora primário e o material,
secundário. É este triunfo do Espírito que é o glorioso tema da Sétima. Tanto
Richard Wagner como Franz Liszt olharam a sinfonia como a “apoteose da dança”.
O mais profundo espírito da dança representa ritmicamente a ascensão no caminho
da Iniciação que termina em divina harmonia com a Eterna Luz. Do ponto de vista
da interpretação, a Sétima Sinfonia é verdadeiramente uma Apoteose da Dança.
Wagner identificou esta Sinfonia com a dança em
sua mais alta expressão como a realização do corpo em forma ideal. Ninguém
melhor que ele sabia que a dança teve sua origem nos movimentos das esferas
planetárias e que a missão de Beethoven era recapturar algo destas harmonias
estelares.
No primeiro movimento (Poco sostenuto, vivace),
acordes exultantes e dominantes repetem esta canção triunfante acompanhada do
inebriante ritmo do tema principal. Esta introdução desdobra os temas que se
seguem numa sucessão de escalas ascendentes que foram descritas como escadas
gigantes. Beethoven aqui está afinando os ouvidos humanos com os ritmos
planetários. Ele traz à Terra insinuações da música das esferas pelas quais os
sistemas solares são impelidos em seus movimentos? Assim, sua música se torna
uma escada que vai até as estrelas. Ele carrega o ouvinte para as grandes
alturas e profundezas, transcendendo a pequena e limitada esfera na qual o
homem mortal se move em seu estado sem inspiração.
No segundo movimento (Allegretto), um tom de
solenidade é introduzido. Ele passa de Lá Maior para Lá menor, já que é mais
fácil recapturar os ecos da música celestial em tons menores. É como se o
espírito estivesse estupefato na realização da responsabilidade que vem com tal
consecução. Este tom solene e misterioso persiste por todo o movimento. Foi
comparado a uma procissão através das catacumbas.
O terceiro movimento (Presto, presto meno
assai) toca uma nota ainda mais exultante do que a que foi ouvida no primeiro
movimento. Ritmos alegres e emocionantes são introduzidos pelas cordas com uma
resposta alegre dos instrumentos de sopro. Há arpejos dançantes e um espírito
de scherzo nele todo.
O Finale (Allegro com brio) é colossal e
magnífico. É como se o Céu e a Terra se juntassem num poderoso coro de
majestade e poder. É a voz do espírito extaticamente proclamando: “ Estou
livre, estou livre, para sempre e para toda a eternidade. Estou livre”.
Este espírito de exultante liberdade
naturalmente trouxe à expressão a companhia da arte da dança. Wagner, que
anteriormente se referiu à essa conexão, sentiu que não havia nada tão torpe e
surdo que pudesse resistir à fórmula mágica; os galhos, as latas e as xícaras,
o cego e o aleijado, etc., cairiam na dança.
A celebrada Isadora Duncan dançou todos os
movimentos desta Sinfonia, exceto o primeiro, no Metropolitan Opera House em Nova York em
1908, e o Ballet Russo de Monte Carlo também transcreveu o trabalho todo em
poesia do movimento. A coreografia que a sinfonia evoca tem um caráter mais etéreo
e espiritual do que físico; isto foi declarado por um comentarista que pensou
nela expressando uma dança cerimonial que deve ter sido realizada pelos
coribantes, os sacerdotes de Cibele em volta do berço do infante Zeus.
UMA VISÃO
DO CAMINHO
Um viajante se aproxima de uma enorme e elevada
montanha, cujo topo coberto de neve brilha à luz do Sol como uma coroa de
diamantes. A subida desta montanha é íngreme e perigosa, o caminho estreito e
escarpado. Frequentemente, o viajante perde seu passo e cai de bruços no chão,
mas sempre a silenciosa Voz interior firmemente o impele “Para frente e para
cima para sempre”. Às vezes ele toma o caminho errado e tem que retroceder pelo
longo e estreito caminho, mas sempre a Voz interior, gentil, mas insistente, é
ouvida dizendo: “Você nunca falhará enquanto persistir, pois a única falha está
em parar de tentar”. Outra vez, o caminho leva através de escuras e estreitas
fendas onde o Sol está longe da vista. É então que em sua visão mental ele pode
ver o pico coberto de neve acima. O topo está rodeado por grandes conjuntos de
rochas perpendiculares, escondendo toda a visão do caminho. Para concluir a
subida, o viajante tem que possuir muita coragem, persistência e uma vontade
que é dominada pelo espírito.
Finalmente, o topo é alcançado e oh! a
maravilhosa glória da vista! Lá em baixo, ao longe, estão as planícies e os vales rodeados por montes
humildemente entremeados por cintilantes riachos. Há também grandes cidades nas
quais a humanidade se ocupa com sua rotina diária, a maioria estando tão
ocupada e tão descuidada para levantar seus olhos e pegar a inspiração dos
lindos picos brancos lá em cima.
Quando o viajante eleva seus olhos, ele se
enche de espanto, pois o topo no qual ele está, o qual ele pensou estar tão
alto e ser o final, está diminuído por
montanhas mais altas cujos picos estão completamente longe da vista no imenso
azul. As palavras do poeta místico Kalil Gibran vêm à mente com um novo
significado: “Quando você chega ao topo da montanha, então é que você começará
a subir”.
É então que o viajante grita: “O que está além
dos majestosos picos cujas alturas se
perdem nos céus?” E a Voz, em alegre exaltação, responde: “Infinito”. “E o que
está além do Infinito?” Como uma bênção vinda de lugares distantes, em sons de
doçura sobrenatural, a Voz responde: “Um Infinito de Infinitos”.
Esta é a canção de alma da Sétima Sinfonia de
Beethoven, o espírito triunfante e exultante cantando “Sempre para frente e
para cima, pois o Caminho da Verdade não tem fim e a Busca é Eterna”.
SÉTIMO
MISTÉRIO
O Sétimo Mistério está conectado com o sétimo
estrato da Terra conhecido como Estrato Refletor. Este estrato está
correlacionado com o Mundo do Espírito Divino e está permeado com o poder
espiritual deste mundo celestial.
Fiel ao seu nome descritivo, o estrato refletor
na Terra reage exatamente à natureza dos pensamentos e desejos do homem que
podem ser construtivos ou destrutivos, pois, sob a lei kármica de causa e
efeito, tanto os homens como as nações colhem como semeiam. Assim age a Lei
Divina ao operar no Mundo do Espírito Divino que é a contraparte superior do
Estrato Refletor da Terra.
A história oculta registra a submersão do
Continente Atlante e a destruição de sua adiantada civilização devido à muito
difundida prática da magia negra. Nos tempos históricos, lemos sobre a queda da
Babilônia, uma das mais famosas e bonitas cidades da Terra, seus jardins
suspensos tendo sido classificados entre as Sete Maravilhas do Mundo. Em
Pompéia, os arqueologistas descobriram evidências do descuido moral e
depravação que existia entre os habitantes, que agiam através das forças
localizadas no Estrato Refletor da Terra, no desastre natural que enterrou a
cidade sob lava e cinzas. Também, na Bíblia, lemos a destruição de Sodoma e
Gomorra devido às maldades desenfreadas nestas cidades.
O homem é um ser sétuplo. O tríplice espírito
está conectado com o tríplice corpo pelo elo da mente. O propósito principal
das peregrinações dele na Terra é capacitar o tríplice espírito a trabalhar
sobre o tríplice corpo para refinar, sensibilizar e espiritualizar estes corpos
mais inferiores e transmutá-los em poderes anímicos.
Antes que esteja pronto para passar através do
portal que se dirige ao Sétimo Mistério, grande parte desse trabalho tem necessariamente
que estar realizado. Na sétima ou camada refletora da Terra estão guardados os
chamados sete grandes segredos da Natureza. Estes segredos estão conectados com
os quatro elementos - Fogo, Ar, Água e Terra. Neste grau,
aprendem-se os muitos e variados modos nos quais estes elementos são
transmutados com resultados que capacitam o controle das muitas Leis da
Natureza. O Sétimo Mistério é o Grau da Divina Sublimação. Quando se passa por
este Grau, o poder alcançado torna possível a jornada dentro dos lugares mais
profundos da Terra e nas alturas do espaço interplanetário.
O Iniciado do Sétimo Mistério é ensinado a
investigar e compreender mais profundamente algo dos quatro poderes conhecidos
como Fogo, Ar, Água e Terra. Estes poderes operam sob a direção dos altos seres
celestiais. Muito pouco pode ser dito abertamente com relação a este trabalho,
exceto que, sob o poder do Fogo e do Ar, novos e maiores segredos são
ensinados com relação à transmutação e,
sob o poder da Água e da Terra, são ensinados os mais profundos significados
relativos ao equilíbrio e à polaridade.
Nesta elevada esfera para onde o Iniciado é trazido
e colocado face a face com as verdades pertencentes ao Sétimo Mistério, ele se
torna um verdadeiro trabalhador milagroso. Ele aprende o que é passar sem se
molestar através do fogo e da água, a dominar a lei da gravidade e a trabalhar
em harmonia com a lei da levitação. Ele agora é um verdadeiro mago branco,
havendo aprendido a transformar os metais em ouro. Ele ganhou a liberdade da
limitação que este planeta impõe a ele. É algo deste maravilhoso Espírito de
Liberdade que é descrito na gloriosa e inesquecível música da Sétima Sinfonia.
Tal é a magia exercida pela música da Sétima
Sinfonia de Beethoven, que o comentarista Philip Hale fez a seguinte
observação: “Toda vez que a música é tocada, toda vez que ela entra na mente,
ela desperta novos pensamentos e cada um sonha seus próprios sonhos”.
Há tal poder místico impregnado nesta sinfonia
que ela tem a magia de despertar na alma de um aspirante a visão dos passos que
guiam progressivamente na escada ascendente da realização. Mais do que isso,
ela realmente irradia energias tonais que emprestam uma força para a alma no
caminho da Iniciação, para seguir os passos até que a busca seja finalmente
consumada nas glórias celestiais do Reino Celeste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário